A literatura é uma das fortes marcas da tradição cultural de nosso país, e pensando em preservar e fortalecer esta forma de manifestação artística cultural a Etec de Cubatão promoveu nos meses de julho e […]
A literatura é uma das fortes marcas da tradição cultural de nosso país, e pensando em preservar e fortalecer esta forma de manifestação artística cultural a Etec de Cubatão promoveu nos meses de julho e agosto a primeira edição do “Concurso de Poesias – Etec de Cubatão”, que estimulou a criação literária de jovens do ensino médio integrado e alunos do ensino técnico noturno.
O Concurso deu a oportunidade para que poetas anônimos, expressassem sua arte literária e ainda ter a chance de concorrer a prêmios oferecidos pela organização do concurso.
As poesias recebidas foram avaliadas por uma banca julgadora e pontuadas com base em diversos critérios técnicos, as três poesias com melhores pontuações de cada categoria foram eleitas vencedoras e seus autores levaram os prêmios para casa.
Confira as poesias vencedoras em cada categoria:
Carretel
Antônio Ferriori
Ninguém esquece um amor ou substitui uma saudade
Quem dirá o primeiro amor, baseado em ambiguidade
Ainda assim, não aguento os teus gritos na minh’alma de espectros
Ou tua sombra nos meus passos, arquejando além dos metros,
Como se as recordações fossem um pretérito mais que perfeito. Encerrado.
Mas tua ausência, está presente nas lacunas, onde me encontro soterrado.
Teu peito era refúgio e tuas mãos a sutileza das sensações
Os teus olhos de jabuticaba, a brecha de mil interpretações…
Dançando com minhas pisadas em falso, de garoto inseguro
Fechando a porta, as cortinas, despindo a roupa no escuro
…?
O som do apito do trem ainda rompe o nó rouco da minha garganta
Trazendo tua imagem chorosa, partindo enrolada na manta
Arrancada dos braços meus.
Te vi
Flecha Limpa
Descalço e desarmado
desci de onde estava sentado,
do trem e do estilhaço.
Tudo virou, voou, espatifou.
Desci pelo vidro da locomotiva em trânsito.
Tive de descer! Era ver ou crer.
Eu cri,
pulei,
pulsou,
escureceu,
depois clareou.
(…)
Ouvi o som barítono de cordas almadas
e mãos no estojo a caçar alguns lápis de cor.
Tinha alguém pintando o meu corpo.
Parecia ser quem mandou crer.
Parecia quem disse pra não comprar o bilhete.
Parecia o raio que clareou a queda.
Tinha mãos silvestres,
barba alegre e sobrancelha em recorte.
Pelos olhos claros e ruivos,
parecia me esperar acordar.
Como voz de mil uivos
que rasgam o silêncio da meia-noite,
ele disse:
“Eu te disse.”
“Sabias de meu sono lambido por insônia lúcida?”
“Te vi nascer. Te vi gerar. Te vi morrer. Te vi comprar o bilhete. Te vi esperar o guichê te consolar. Te vi viajar. Te vi no assento sem assunto. Te vi ouvir no silêncio minha voz. Te vi calar. Te vi ousar e arriscar. Te vi pulsar. Te vi apagar. Te vi trazido até cá. Te vi ressuscitar. Te vi no hospital.”
“E isso, é cá?”
“O senhor recebeu alta. Vá pra casa!”
Todas as poesias recebidas estão disponibilizadas para leitura no mural da Biblioteca da Etec de Cubatão (Sede).